
E sobre isso há uma barreira de difícil
transposição, uma ideia crescente de superioridade, seja em que domínio for: que sociedade tal é melhor que outra; partido tal é perfeito em relação a
outro; que o homem é superior à mulher para fazer isso ou aquilo. A história
mostra que as relações humanas não se resolvem bem com a imposição, em colocar certas condições acima
de outras, porque o ser humano, por sua constituição, não aceita ser massacrado, pisado; resistirá e se rebelará, mais cedo ou mais tarde.
A luta por equiparação de oportunidades,
guardadas as proporções das naturezas feminina e masculina, não tem a ver com a
eliminação do homem, mas, ao contrário, o que se quer de fato é acabar com as
mazelas diuturnamente provocadas pelo machismo em sociedade – com efeito, impedem
o progresso da igualdade de gênero; chegar sempre, niveladamente, às posições que ostentam os homens, não através do estímulo ao ódio, mas pelo amor.
A partir de sua história de vida e
de luta, Adichie (2014) faz sentir o quanto a mulher é menosprezada por,
simplesmente, ser o que é. Isso acontece, também, em razão da cultura do
patriarcado, uma concepção antiga, repetida por gerações, que faz com que as
pessoas se acostumem com a sobreposição de interesses, tida como lugar-comum
dentro dos padrões da sociedade, como se os interesses dos homens anulassem os
das mulheres. Mas os seres humanos são cheios de sonhos e desejos que devem ser
exteriorizados, não encerrados em si, por isso o dever incessante de lutar, que cabe a mim e a você.
Não é difícil perceber, ainda em
nossos dias, que as mulheres são subordinadas aos tratamentos mais rigorosos,
em não ter como exercitar, por exemplo, o livre-arbítrio, a autoafirmação, essenciais à dignidade humana. Estão, na maioria das vezes, condicionadas aos olhares de censura,
inclusive pelas próprias mulheres, algumas habituadas, inconscientemente, ao poder
do machismo, como dito, com ares de normalidade.
Mas, naturalmente, o caminho é de
libertação. Ninguém, são, é capaz de se submeter por muito tempo à opressão que
tira direitos - em todos os níveis -, a não ser que se tenha um severo
comprometimento psicofísico. É que a mulher, há anos dominada às atividades
ordinárias da casa, desacreditada aos cargos de relevo social e econômico,
julgada frágil ou sem capacitada para determinar os rumos de acontecimentos
privados ou públicos, quer e deve, sempre, se autodeterminar e fincar o seu lugar.
*ADICHIE, C. N. (2014). Sejamos
todos feministas. Disponível em: <
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/7771/material/LIVRO%20Sejamos-Todos-Feministas.pdf>.
Acesso: 21.06.2017.
Lindo amo!
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