
Numa perspectiva latino-americana,
os direitos humanos atuam no sentido de produzir uma política progressista quanto
às questões sociais, com enfoque direito aos problemas regionais, como trata
Boaventura de Sousa Santos. Diz, ainda, que os direitos humanos enchem o vazio
de uma aspiração socialista, com força a conferir legitimidade às políticas de
inclusão e de cuidado em relação ao social.
A globalização - ou as globalizações -,
como marca o autor, representa uma cadeia de associações ou processos de
interações, muitas vezes com impactos negativos a certas regiões em seus modos
de produção, localismo globalizado, globalismo localizado - este relativo a
países ditos à margem do mundo. Forma-se o cosmopolitismo, essencial para o
diálogo transnacional e para a defesa e conquistas de objetivos comuns, como em
questões de direitos humanos para as mulheres. São as “globalizações desde
baixo”.
Referido autor afirma que os direitos
humanos não contêm a universalidade quando da sua aplicação, porque para cada
bloco ou região existe uma atenção especializada, como para com a região da ibero-americana;
em seu cerne, considera que os direitos humanos foram ocidentalizados, parte de
um modelo liberal. Portanto, deve haver respeito aos direitos humanos, a partir
da dignidade que corresponde à particularidade de cada povo. Ou seja, a
dignidade tem características locais que precisam ser avaliadas, como na região
latino-americana, especialmente para as mulheres.
Luminosas críticas faz o Professor
Boaventura de Souza Santos acerca do liberalismo ocidental, que prevaleceu na
Declaração Universal de 1948, pois que, como se sabe, não houve a participação
efetiva de países “à margem do globo”, com suas distinções, ainda que tivessem
importante quadro populacional; disse da raiz judaico-cristã dos direitos
humanos, que não combinada com a realidade das comunidades indígenas, por exemplo.
É preciso, acima de tudo, respeito!
Cada povo dá sua importância mais extensa ou restritiva à dignidade e, claro,
isso deve ser considerado. Souza Santos reforça que todo esse processo se consolida
a partir de diálogos interculturais e com a hermenêutica diatópica.
É preciso aproximar e discutir os
problemas regionais, entendendo a incompletude pela hermenêutica diatópica, com base na “sensibilidade difusa”, o que irá avançar para uma consciência auto-reflexiva.
Por fim, mostra que as pessoas têm ressaltado direito à igualdade quando estão em condições
inferiores, o que não poderia prevalecer quando se tem confortável o posto que
ostentam, por suas diferenças inerentes.
*Reflexões
a partir do texto: “Hacia una concepción multicultural de los derechos humanos”,
de Boaventura de Sousa Santos.
Adorei aprender o que é hermenêutica distópica! Te amo.
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