Ouvi
demais: “Se fulano tivesse andado direitinho na época do regime militar (note,
não falam ditadura), não teria acontecido nada!”. Ouvi, em respeito. Não vou e
nem quero me indispor com pessoas maiores, ou queridas. Acho que ainda há aí,
no inconsciente, frases programadas adormecidas, como: “Comunista é vagabundo!
Comunista quer dominar e arrasar o país!”. Sem profundidade alguma.
Simplesmente ignorei. Para outros pergunto: “O que é andar direitinho? Seria de
acordo com a cartilha da ditadura; bico calado, levando porrada, sem razão (e
há razão em apanhar?!), baixando a cabeça e obedecendo? Não pensar? Não criar?
Não mobilizar encontros, reuniões? Não manifestar sensações, sentimentos? Ou
simplesmente olhar torto para o general?”. Liberdade é o que há de mais
fundamental para o desenvolvimento humano. Não só: liberdade pressupõe respeito
ao diferente! Alteridade! Liberdade de o outro andar com a cabeça raspada, de
ponta-cabeça, roupa curta, rasgada; desengonçado, azul, e de piercing no
mamilo. Não importa. Não tenho nada com isso. Deixar viver; e viver, cuidar do
seu. Conclusão: o moralismo barato, detestável, quer acabar, sim, com a nossa
Constituição, que prevê tantos direitos importantes, hoje criminalizados, como
o direito a moradia, por julgar “coisa de vagabundo, comunista” e só; e
propagar a sanha punitivista. Não há saída, é lutar, educar e conscientizar!
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