Zé da Silva Júnior, o autointitulado
normal. O exemplo. Nada mais. Intransigente, se defendia: "São
princípios!". Sem brechas para intromissões, constantemente ateava fogo,
largava cinzas. Fastidioso, algo paradoxal, enojava-se muito facilmente. Do
tipo que se bastava e fazia questão de vociferar. Moral e intelectualmente
regido por padrões pré-pós-medievais, de tão óbvios instintos, respingava sangue.
Obcecado por fogueira, imaginava poder torrar todo o mal, e o sentia,
arrebatado, com um prazer mórbido surreal: livros, discos, computadores, e
pessoas. Até que, numa manhã de sol, enquanto alimentava a sua sanha com o
jornal, no parque, experimentou a autocombustão. Talytta Boeing 747, mera
passante, intrépida, alheia aos riscos, arrancou de uma vez os apliques e se
jogou. Em vão. Autoconsumou-se rápido. O fim.
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