A elite (do atraso) brasileira...

  

Até que arrumou minha sala numa presteza... Mas, devo dizer, não é sempre assim. Ah, não! Tem qualquer probleminha na favela, “ó, dona Suzane, cazdiquê pra cá, cazdiquê pra acolá...”. Não aguento esse linguajar. Uó! Imagine se eu pagasse mal. Muito mais do que minhas amigas, um salário e regalias. Acho abuso. Paulo diz que é lei, fazer o quê? Almoça em casa, come do que quiser - menos meus brioches, iogurtes gregos, salames, queijos, vinhos, caviares, bolos e bombons confeitados, deliciosos; ah, ia me esquecendo, e minhas trufas -, ainda tira meia hora de descanso, essas coisas desprezíveis, regalias. Na minha época era diferente. Me botaram na secretaria de desenvolvimento do governo, vê lá, pra cuidar de pobre – ô sina desgraçada -, e não tinha esse fuxico de hoje não. Fazia lá meu servicinho; batia o ponto, quando dava, para servir à pátria. Essa lulada, petralhada do caramba, desmoralizou tudo! Querer misturar gente de bem com povão, essa não? Agora isso sim é intocável, herdei de berço, ninguém me tira, a canalhice.      

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