
É chamar de vagabundo um mendigo; ficar
com troco a mais; aceitar favorecimento; não respeitar fila; querer derrubar o
colega de trabalho; sentar na cadeira reservada para idoso nos ônibus; receber
de órgão público sem trabalhar etc. etc. Talvez no imaginário popular sejam comportamentos incorporados como normais, sem importância, mas essas solenes inconsequências
certamente vêm redundando esse mar de lama da política, que nada mais é do que
reflexo da sociedade. E, inclusive, basta falar bonito e estar bem vestidx para
transmitir confiança e restabelecer, com isso, a reputação dx sujeitx perante a opinião
pública.
As pessoas são capazes, num piscar
de olhos, de dizer o que é abominável no outro e ali mesmo aplicar a pena, de
preferência, nesse entendimento, que seja atroz, para “o sujeito aprender”.
Como nos tempos medievais, avaliam os que não deveriam julgar, num processo ilegítimo,
extremamente ligeiro (talvez segundos), e com uma pena previamente pensada, quiçá
o empalhamento, pois “bandido bom é bandido morto” - diga-se, o negro e o pobre, e bem morto para servir de
exemplo. Por isso, muitxs estão cada vez mais sedentxs por restaurar no Brasil a
pena de morte, que, concluiu-se, com informações técnicas, depois de anos, que incriminados,
condenados pela mídia e pela sociedade, não tinham nada a ver com os casos a eles imputados. São tragédias inefáveis, contra inocentes. A probabilidade
de erro é assustadora: “Um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista
científica Proceedings of the National
Academy of Sciences estima que pelo menos 4,1% dos condenados à morte nos
EUA são inocentes - uma em cada 25 pessoas condenadas”. (Corrêa, A. (2014). De
Nova York para a BBC Brasil).
Nesse cenário seguimos, de
incompreensões e de ódio ao próximo. E, doentes, buscam ajuda para se livrar
dos pesos da vida, mas mais leve estariam se não falassem do outro com tanto
desprezo e se não houvesse condenações gravadas nos rostos alheios. Aliás, as
nossas testas também têm espaço suficiente para exibir nossos erros? "Aquele
que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra
ela".
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