A expiação e a justiça social.



"Ah, não, justiça social já é demais!".
A expiação pela caridade, somente, com suposto propósito cristão - digamos, uma liberação pessoal de consciência - não tem essencialmente nenhum sentido se não existir concretude no ato de mudar a vida do outro. Ou seja, pela inclusão, participação, pertença social. É algo bem maior, complexo. Mexe nos interesses muito bem sedimentados de uma sociedade tradicional, patriarcal. Somos parte de um todo, um sistema que deveria ser coeso. Se se exclui um, por motivos mesquinhos, privilégios etc., resulta na tão óbvia desarmonia, na desigualdade, o que é rechaçado, com bastante brutalidade, hoje, pela banalização da dor, o desprezo: o mimimi, e todo o peso de desconsideração que ele representa. O problema, então, é do sujeitx não alcançar, por seus próprios meios (para muitos inexistentes), o topo, ser "top", "vip", "estourado", "diferenciado". Ter. Ser está em falta, desuso, ou nunca se concebeu no Brazil. E o fracasso, nessa sociedade de castas, é motivo de sucesso alheio. Na nova involução, o ciclo se confirma, mantendo a desigualdade, os trabalhos informais; o desprezo às minorias, já caladas pela opressão secular; o Brasil dividido, a elite e o resto.
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Fonte/Imagem: Racismo no Brasil – Wikipédia - Jean-Baptiste Debret (1768-1848).



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