Só o céu me inunda de liberdade...




Eu, pobre menino, não tinha intuído – sequer - o valor de olhar o céu. Abobalhado, achava um adorno qualquer. Parar e contemplar, sabe? Até que, com o tempo, em contínuo processo de maturação, percebi, e me convenci, que assim ganho o dia. E o dia se projeta e se espalha em mim. Ganho vida, com ele: o céu. A imensidão, de fato, no seu silencio provocador, tem muito a dizer. Se sou mais pragmático, nesse sentido, – lunático, talvez - e menos teórico, ouso me perder tal qual Stephen Hawking o fez durante a vida - por certo, agora, voa arrebatado de tudo que sucumbe à banalidade das coisas terrenas.

É que o alto me atrai, gera um fascínio sem igual, com a intensidade que a ingenuidade me consente: viver. Lucas Silva e Silva falava: “diretamente do mundo da lua, onde tudo pode acontecer”, e eu o seguia. Padre Léo buscava, sem cessar, as coisas do alto, e, por ele, quantas vezes, me pego refletindo, buscando. Ainda bem que o céu está lá, todo santo dia – colossal! -, para certificar que há dois planos, e a terra, nessa “pareia”, é só um grão – avalie eu, você! 

Que o céu se compadeça de mim, e me permita por muito tempo voar, se perder de mim, nessa escala do tempo, literalmente, das coisas; que, enfim, nesses dias cruéis o sentido seja de luta para deixar algo de bom, ao menos uma semente de amor, um olhar de compaixão... Só o céu me inunda de liberdade. E assim será, eu creio, e desejo: alteridade.  


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