Pai...




Metas, entregas, sacrifícios... tudo por que e para quê? Na cabecinha de muitos, é meio ilógico se não há uma exigência externa em si; um chefe ao pé do ouvido a dizer, “Já terminou!”. Mas, de verdade, o que se quer não tem nada a ver com o que os outros supõem. Ou seja: realização. Eis aí uma palavra mágica, que faz lembrar uma infinidade de situações que muitos, por pressão ou falta de opção, deixaram de gozar em vida. É o caso do meu pai, sempre em mente. Homem humilde, que batalhou de sol a sol. Feirante, vendedor, guardador de carro; depois, contador e advogado. Culto. Extremamente sensível... Como sinto falta de ter visto, em seus olhos translúcidos e sinceros, a perfeita definição de realização. Praticamente, só o via trabalhar, sem tempo para nada. Vez por outra me pego lendo umas de suas petições: que obras de arte! Como sinto falta de um livro seu. Preencheria. Ou daria sentido a um vazio. Me pegar por aí, à toa, com seus trejeitos, ainda que por segundos, é um alento. Sei que tenho muito de você. Sei que posso ser a minha e a sua realização. Sua bênção, meu pai! E que possamos nos realizar, em paz.    

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