Distraído - Parte I...




Distraído - não tão raro, felizmente -, peguei a cerveja no balcão. Paguei, pedi a senha do wi-fi, e esperei o troco. Coloquei a senha, nada de funcionar. O chão, de cerdo (porco), como dizem por aqui. Papéis espalhados por todos os lados, até nas paredes; nas frestas entre móveis e paredes. A maior balbúrdia, porque passava Athletic Bilbao e Real Madrid. Mas algo me chamou a atenção mais que isso, o banheiro. Havia, seguramente, alguma coisa putrificada há uns dois dias, pelo menos. Saí do balcão – do lado do banheiro -, não aguentei. Sentei-me à mesa, num outro salão contíguo. Ainda distraído, mesmo depois do susto. Não queria demorar, já me demorando. Um senhor de certa idade vinha em minha direção, com certa dificuldade em andar, olhando para o chão e para mim. Certamente esperando algo. E eu distraído. Pensei: “O que será?”. Chegou mais perto e parou; e olhou para mim. Não disse nada. Por dois segundos – uma eternidade. “Ah, era uma cadeira que atrapalhava a passagem!”, vi.  Imediatamente tirei: “¡Perdón!”. E o senhor disse, “¡Eres muy atento, chico!”, algo assim, muito suave, com um leve sorriso. “Eu?!”, pensei, e sorri. Felizmente, naquele momento, estava. 

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