Coração de origami...





Enquanto Paulo saía, quase enxotado, depois de longos anos servindo dia e noite, literalmente, rápido outro entrava em seu lugar, assim, como se repõe uma mercadoria... E os compromissos inadiáveis não tardariam em consumir toda a sua alma. Mal pisou em casa, exausto e moído por dentro, veio logo o alerta doloroso:

— Pai, o que o senhor trouxe de Natal?
Sem ter muito o que dizer, confuso, olhou para o chão, coçou a cabeça, não podendo mostrar fraqueza – aliás, nunca teve sequer o direito -, enfiou a mão no bolso e pegou um presentinho há muito esquecido, um coração de origami...
— Filho, isso é para você lembrar o bem mais precioso que você tem, o meu coração, e eu o seu... Vamos cuidar de nossas vidas para nunca nada faltar, principalmente o amor.

 O Natal e tantos outros eventos passaram... O brilho do sol e a recordação animavam a continuar. Horas infindáveis de aprendizados, metrôs e tal, e o amuleto ali, sempre à mão... Até que Thiago disse, em alto e bom som, como orador da turma:

— Pai, agora é minha vez, te entrego o meu coração, que é teu, para saberes que, de hoje em diante, o seu dotô aqui, futuro cardiologista, vai cuidar não só do meu bem mais precioso, o teu coração, mas também de toda a sua vida. Te amo! Ah, obrigado pelo presente de Natal 😉




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