tempos cíclicos e contradições....

Depois de graves tormentos provocados pelas primeira e segunda guerras mundiais, com Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, parecia que o mundo tomaria um novo rumo. Patente era o desejo por retomada dos valores sociais, da construção de um lugar mais justo, verdadeiramente humano, vez que as causas dos carentes e marginalizados precisam, sempre, ser debatidas, sobretudo priorizadas.

De lá pra cá, à luz do dia, muita gente vem morrendo. Pessoas são submetidas aos mais atrozes flagelos. Governos tiranos, concepções individualistas externas, preconceitos etc. são entraves para o progresso. Entre “maus” e “bons”, muitos civis perderam as suas vidas sem tomar conhecimento do que estavam passando; sem reagir, como animais confinados e abatidos. Vietnã, Iraque, Síria. Só os civis e as vidas dos sobreviventes foram arruinados. O povo está, definitivamente, perdendo a sua identidade. Não existe, de nenhum dos lados, respeitado ao regionalismo, à sua forma de governar, à cultura local.

A catástrofe decorre, sobretudo, da falta de soberania dos povos, das feridas que foram sujeitados e perdurarão por gerações. E como reverter a dor de um povo dizimado? Talvez no Brasil não tenhamos noção ou dimensão disso. Mas deixar de acolher um irmão vitimado em seu país, expulso de sua casa, sabendo que fazemos parte do caldeirão do mundo, deixa de ser ignorância e passa a ser crime de xenofobia, racismo, no mínimo. Vergonhoso é ter de saber do teor do ato ocorrido no dia 2 de maio, contra o novo Estatuto da Migração. Este autodenominado “movimento” acabou por fomentar o discurso de ódio e a discriminação contra raças e religiões.

Ou seja, em tempos de necessidade de clara cooperação, união para tornar o povo forte contra excessos bestiais do governo, vê-se o caos. Inclusive o ódio é tão descomunal, que alguns deixam de perceber o mal provocado pelo partido ao lado. Parece que a sociedade está atônita quanto a sequência de eventos grotescos, como dizem, golpe atrás de golpe, ao constatar também que não será possível, como apregoavam, “a gente tira primeiro um, depois tira o outro, e assim por diante”.  

E tenha certeza, o governo gosta dessa confusão de interesses. Não há unidade no discurso, grupos divididos, ambiente perfeito para a aprovação relâmpago, sem discussão, de projetos em leis brutais. O povo, mais uma vez, esta refém dos benefícios exagerados ao setor privado. E uns falam, convictos, que a privatização é importante para acabar com o poder do Estado e com o “governo comunista”. Pois digo que é um grande desafio manter a soberania quando se tem o peso da mão poderosa do mercado.

E o mundo dava sinais que caminharia, em certos momentos, para um enquadramento social, pensado a partir e para o povo. Mas estamos perdidos, completamente desorientados, condenando os nossos irmãos, chamando-os de “vagabundos”, “desocupados” e “pilantras”, e deixando livre o terreno para os ratos.

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